Enio Lins 1k5f1s
Para onde foi a mão-de-obra dos canaviais desplantados? 38262s
3h1871

Matéria da combativa jornalista Lenilda Luna, publicada no site UFAL Notícias, informa sobre pesquisa realizada pela Universidade Federal de Alagoas sobre os destinos tomados por trabalhadores e trabalhadoras que eram do eito da cana em nosso Estado. Estudo muito importante, ressalte-se. E aplauda-se.
RAÍZES PROFUNDAS Canaviais fazem parte do cenário do território alagoano desde os primórdios da colonização, com os engenhos Escurial, Maranhão e Buenos Ayres, trio manufatureiro de açúcar cuja fundação, em terras de Porto Calvo, é creditada a Cristóvão Lins, nome aportuguesado de Christoph Linz von Dorndorf, germânico nascido na vila de Donndorf, região alemã da Turíngia, por volta do ano de 1530 e findando seus dias em 1602, aos presumíveis 72 anos, em terras portocalvenses. Do século XVI em diante, diferentemente dos territórios limítrofes (Pernambuco, Sergipe e Bahia), que diversificaram suas economias, Alagoas manteve a primazia açucareira por quatro séculos. E o eito da cana pouco mudou, em termos do corte e colheita, no decorrer de quatrocentos anos.
MUDANÇAS PROFUNDAS
No apagar das luzes do Século XX, modernizações tecnológicas (uso de máquinas nos campos planos) e mudanças na legislação trabalhistas causaram alterações importantes no árduo trabalho do corte de cana. Mas, mesmo com essas modernidades, a forma de cortar a cana tendo como base a foice afiada e o braço forte seguiram sendo a mesma coisa nesses quatrocentos anos, ocupando, em tempo integral, durante as safras, centenas de milhares de pessoas por volta do ano 2000. Esse cenário muda muito rapidamente com a crise no setor sucroalcooleiro que marca a transição para o Século XXI. Apenas observando o noticiando pela mídia (sem consulta direta ao setor), em duas décadas, entre 1990 e 2020, 13 usinas teriam fechado em Alagoas, numa redução de 37 para 24 unidades. E, ainda segundo a imprensa, a previsão para a safra 2024/2025 seria de apenas 15 unidades moendo. Apesar setor sucroalcooleiro alagoano ser considerado ainda o mais produtivo no Nordeste, o baque é impressionante. O segmento mais prejudicado, até prova em contrário, é a base da pirâmide açucareira: cortadores e cortadoras de cana.
E AGORA, PÓS-CANAVIAL">Como sempre repetia o professor, usineiro e intelectual alagoano Cândido Toledo (1927/2012), “Universidade é pesquisa, sem pesquisa não existe ensino superior”. E a Universidade Federal de Alagoas tem se firmado e avançado como centro de excelência em pesquisas, e pesquisar a mobilidade social do antigo, e enorme, exército de cortadores de cana é um dos estudos mais importantes no universo socioeconômico alagoano. Parabéns, e boa sorte nesse eito tão significativo.

Enio Lins 1k5f1s
Sobre 343x5w
Enio Lins é jornalista profissional, chargista e ilustrador, arquiteto, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Foi presidente do DCE da UFAL, diretor do Sindicato dos Jornalistas, vereador por Maceió, secretário de Cultura de Maceió, secretário de Cultura de Alagoas, secretário de Comunicação de Alagoas, presidente do ITEAL (Rádio e TV Educativas) e coordenador editorial da OAM.